Dizer “sim” e dizer “não”: construindo adultos saudáveis
Você já notou como lida com seus impulsos, com aquela
vontade irresistível de fazer algo? Controlar nossos impulsos significa quanto
conseguimos ser capazes de adiar a gratificação por algo e com isto, fazer
escolhas mais inteligentes ou adaptáveis. Sabe o que é mais interessante: o
controle dos impulsos se dá em nossa infância, quando lidamos com as primeiras
frustrações e gratificações.
Quando dizemos “não” a nós mesmos, aprendemos a
autodisciplina, palavra tão conhecida entre nós e citada em revistas, artigos,
programas de tv; esta habilidade é capaz de gerar felicidade e sucesso.
Aí começa o desafio dos pais, cuidadores, professores, pois
crianças nunca aprendem a autodisciplina sozinhas, mas também não aprendem na
escola ou na sala de aula. Não há curso para autodisciplina. Aí entra a
habilidade dos pais em dar limites e ensinar que para cada ato há uma
consequência, que as escolhas levam a determinados caminhos, positivos ou
negativos.
Ao deixar claro para uma criança quais as expectativas que
se tem sobre algo ou os limites e o resultado sobre aquilo que não se cumpriu,
tudo fica mais claro. Ou seja, a criança aprende, desde pequena, que se optar
por algo errado, receberá sua escolha em troca, experimentando o resultado
negativo das escolhas que fez.
O que é mais complicado quando é necessário “dizer não” para
seu filho? Muitos pais podem dizer que a dificuldade está em ver que o filho
ficou infeliz, ficou triste, desapontado. Claro que, como pais, o que se tenta
fazer muitas vezes é, de fato, evitar o sofrimento, mas isto se torna uma forma
enganosa de proteger; será muito mais produtivo dar aos filhos formas de lidar
com a perda e com isto, criar formas de “amortecer” as situações e lindar com
os obstáculos da vida.
Dizer “não” é muito mais complicado do que dizer “sim”;
porém, olhando para o futuro os resultados de um “sim” e um “não” no tempo
certo, fazem toda a diferença quando seu filho for adolescente ou adulto. Não
diga “sim” para acalmar o choro ou a irritação do seu filho, mas diga “sim”
quando é necessário e “não” sempre que preciso, para que não colha dificuldades
em longo prazo.
Na autenticidade e na democracia da relação pai e filho, nos
dias atuais, cresce e liberdade em dizer e posicionar-se, porém, não podemos
esquecer do papel de modelagem de comportamento que damos ao filhos. “Ninguém
pode respeitar seus semelhantes se não aprender quais são os seus limites — e
isso inclui compreender que nem sempre se pode fazer tudo que se deseja na
vida. É necessário que a criança interiorize a ideia de que poderá fazer
muitas, milhares, a maioria das coisas que deseja — mas nem tudo e nem sempre.
Essa diferença pode parecer sutil, mas é fundamental.” (Zagury, T.)
Este é o desafio da persistência, do amor, do cuidado e da
certeza, que um “sim” e um “não” bem colocados, e ao seu tempo, farão toda a
diferença na construção de adultos saudáveis e resistentes aos embates da vida.
Elaine
Ribeiro
elaine.ribeiro@cancaonova.com
Elaine Ribeiro, Psicóloga Clínica e Organizacional, colaboradora
da Comunidade Canção Nova.
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